Assim que o príncipe beijou Tânia, ela automaticamente o
empurrou e levantou da cama com muita fúria.
- Quem você pensa que é? – gritou a irritada plebeia.
- Mas... Eu achei que você precisava de alguém em quem confiar,
alguém que você poderia dividir qualquer coisa.
- Eu não preciso de ninguém! Nem nunca precisei!
- Todo Mundo precisa de alguém - disse Otávio - Porque você é tão cabeça Dura?
-Porque você é todo mimadinho? - Rebatia Tânia.
Enquanto os dois continuavam no quarto real discutindo. No
reino de Drest, uma das servas de Natália entra correndo para o quarto da princesa e a chama em desespero:
- Vossa Alteza! Vossa Alteza! Vossa Alteza! Vossa...
Natália fez um sinal com a mão para que ela parasse de falar
e logo em seguida a questionou.
- Porque me chamas tanto? - a voz dela era grave e poderosa
- Mestra você tem de vir a sala dos Orbes – disse a escrava agora ajoelhada aos
pés da princesa – Rápido mestra, Rápido!
- Não estou numa hora muito boa agora para problemas inúteis.
- Acredite esse não é inútil!
A filha de Drest olhou para a serva com uma cara confusa e sem hesitar foi direto para a sala secreta
dos orbes, tinha certo tempo que ninguém a chamava por problemas sérios nas bolas
magicas de visão. A sala era bem secreta apenas Natália e algumas servas tinham
noção que aquele lugar existia, a única entrada para a sala ficava dentro da
biblioteca. Natália colocara algumas palavras magicas no livro que ficava na
estante mais alta, no lugar mais alto da biblioteca, na ultima palavra da
decima terceira pagina. Ao se ler a frase, uma porta se abriria no meio da estante dando acesso a sala.
O lugar era enorme, lotado de orbes da visão cada um deles mostrava
um lugar do reino de Talorc. A escrava puxou a bruxa e apontou para um orbe que
ficava no fundo da sala, a bola estava envolta de um brilho muito forte como se
significasse que algo estaria fora do normal.
- Mestra! – Outra serva que estava olhando a orbe, assustada, disse – A senhora
não vai gostar nada do que gravamos na orbe vermelha.
A orbe vermelha era a favorita de Natália, as vezes ela
ficava horas e mais horas olhando as imagens que aquele simples objeto a
mostrava, esse objeto de visão ficava mais longe e separada das outras, porque ela era a mais importante de todas, levava direto ao quarto do príncipe. A princesa ficou um bom tempo imóvel, ela
não queria acreditar na cena que estava vendo e do nada ela solta um grito como se
algo a tivesse assustado.
- CONGELA A GRAVAÇÃO AGORA!
Ela olhou para aquela cena do príncipe beijando a ladra e ficou pasma, não sabia o que sentia no momento milhões de pensamentos apareciam e sumiam na cabeça dela, Natália teria que fazer algo em relação aquilo. Depois de algum tempo
vendo repetidamente a cena, ela se manteve calma e disse a uma serva:
- Então quer dizer que o príncipe encantando está finalmente
se apaixonando por alguém? mas logo por essa camponesa!? - ela deu um
sorriso sarcástico – Isso não pode ficar assim e não vai! Essa plebeia não vai tirar o
meu plano de comandar o país, ela deve sumir imediatamente e eu acho que já sei
como fazer isso!
Natália ficou um bom tempo conversando com sua escrava e
depois saiu da sala como se tivesse tido a ideia perfeita. No aposento real a
briga continuava:
- Você é um príncipe muito esnobe, sabia? – Tânia continuava
revoltada.
- Calma estressada! Você estava mal, eu pensei que...
- Pensou o que, Me diz? – A garota corta a fala de Otávio no
meio – Que era só chegar aqui, me consolar e me beijar? Se pensou, pensou
errado! Não sei o que Vossa Alteza Pensa de mim, mas não sou as garotas sem
conteúdo e fúteis deste seu reino!
Logo que Tânia terminou de pronunciar a ultima palavra,
ouve-se umas batidas na porta e os dois tentam se ajeitar como se nada tivesse
ocorrido, Otávio se jogou na cama e a doce plebeia foi atender a porta.
- Olá querida – Pronuncia Natália num belo sorriso – Posso entrar
ou estou atrapalhando algo?
- Claro minha alteza, a senhora pode entrar sim! – Tânia sorriu e manteve-se em pé.
- Então o que trás minha futura mulher – Otávio revirou os
olhos e conseguiu arrancar um leve sorriso de Tânia que voltou a fechar a cara –
Ao meu humilde Quarto?
- Seu pai deseja a sua presença no salão principal para
tratar dos interesses do nosso casamento.
O príncipe achou estranho, seu pai sempre fazia questão de
chamar o próprio filho para uma conferencia ou reunião, ele achou que algo de ruim poderia ter acontecido para ele ter mandado Natália e não vir pessoalmente,
levantou e saiu andando deixando Tânia e Natália sozinhas em seu quarto. Tânia se
acostou na parede, cruzou os braços e ficou encarando a janela.
- Ande escrava, sirva-me algo para beber - Natália disse e se
sentou sobre a cama.
- Sirva-se você mesmo Alteza – disse Tânia apontando para as
xícaras e o bule de chá.
- Quanta ousadia para uma simples camponesa – Natália riu da
cara da inimiga – Cuidado! Você não sabe com quem está comprando briga.
- Uma megera de quinta categoria – Tânia se curvou como
forma de deboche.
Natália perdeu a paciência, levantou rapidamente da cama e com apenas uma mão usou sua magia das trevas, lançou
Tânia para a parede e a manteve sufocada por alguns segundos.
- Agora você irá me ouvir!
A plebeia parecia assustada, não esperava que a princesa do
reino vizinho fosse uma bruxa maléfica. A filha de Drest soltou Tânia no chão,
que aos poucos foi tentando recuperar o ar.
- Quero fazer um acordo com você, camponesa – Natália estava
servindo chá para duas.
A princesa entregou o chá a Tânia, que não queria abrir a boca, ainda estava com um pouco de
falta de ar.
No entanto a bruxa continuou:
- Em troca da sua liberdade você vai a Otávio e diga a ele
que você nunca gostaria de ter um cara igual a ele como marido – Natália sorria o tempo todo –
Não vai ser tão difícil, afinal você não gosta dele.
Tânia agora olhava para Natália como se dissesse “Não posso
fazer isso, por favor,”, a bruxa logo percebeu o olhar da plebeia e continuou:
- Oh! então minha querida você gosta dele, eu vejo nos seus olhos! –
A princesa sorriu – então as coisas mudaram por aqui.
- O que você vai fazer sua bruxa!? – Tânia era valente, mas
ainda estava assustada com o que havia acontecido – pode me matar se quiser, mas não toque em Otávio!
- Isso só faria ele gostar mais ainda de você e me odiar por
ter te matado – Natália agora segurava, com magia, o pescoço da camponesa - o
Trato mudou, quando Otávio voltar ao quarto você vai dizer a ele que nunca
seria capaz de ama-lo ou de desenvolver nenhum sentimento bom por ele e em troca
eu te libertarei das garras do rei.
- E porque eu faria isso? – Disse Tânia com o pouco de ar
que ainda restava a ela.
- Porque se não o fizer, minha querida – Sua risada era maléfica e
alta – Eu vou matar o seu príncipe e darei um jeito de botar a culpa em você, afinal
em quem eles confiariam em mim, uma bela princesa inocente e doce ou em você, uma camponesa pobre, ladra e desonesta? HAHAHAHAHA...
A bruxa soltou Tânia e desapareceu numa nuvem roxa. Tânia
não aguentou, queria chorar, mas não podia, pois sabia que Otávio chegaria a
qualquer momento. Algum momento depois o príncipe voltou a seu aposento e
encontrou Tânia agachada na parede com a cara entre os joelhos.
- Ei, Você está bem? – ele foi para perto dela – Ainda está
com raiva de mim?
- Otávio – ela estava calma, fria e triste porem não podia
deixar que ele sentisse que ela estava assim – Precisamos conversar...

