segunda-feira, 23 de junho de 2014

Chegando ao reino todos olhavam aquela cena do príncipe carregando uma ladra de joias, o rei veio correndo empurrando todos abraçou seu filho e ordenou aos guardas que a bela prisioneira fosse levada ao calabouço. No outro dia o reino de Talorc estava em festa para comemorar a volta daquelas joias tão importantes. Otávio, enquanto se arrumava, ficou se observando no espelho e pensando no que havia acontecido no dia anterior, um gigante, a árvore caída, a bela ladra que não saia de sua cabeça, o jeito como ela o deixava era mágico, ele tinha que achar uma forma de recompensa-la, pois afinal ela salvou a vida dele.

                Na manhã do dia seguinte, o Príncipe foi visitar a prisioneira.

                - Acorde Plebeia – disse ele batendo nas grades da cela – Já está na hora de levantar.

                - O que a vossa majestade quer? - disse ela em tom de deboche levantando aos poucos.

                - Eu apenas gostaria de lhe fazer uma única pergunta, posso?

                - Fique a vontade eu não tenho aonde ir mesmo.

                - Por que você queria as joias do meu pai? Por que nos roubou?

                - Bom, ao contrario da sua vidinha esnobe, cercada de regalias, a minha nunca foi assim, sempre tive que lutar para que o alimento viesse a minha mesa.

                - E é roubando que você os consegue? Não acha que isso tem que ser feito de outra maneira? Eu poderia lhe oferecer alguma tarefa no castelo, como minha escrava ou serva?

                - Você acha que por eu ser uma plebeia eu irei me render aos encantos do tão humilde e belo príncipe – disse ela de forma irônica e estressada – conheço gente da sua corja e acredite, vocês são as piores raças que esse reino poderia ter! Eu prefiro morrer nesta cela ou ter a cabeça arrancada, a ser serva de vocês!

                - Bom, se é assim que você quer que seja! – disse ele com ira – MORRA NESSA CELA!

                Ele deu as costas e voltou a seus aposentos, deitou-se na cama e começou a pensar naquela garota que era a única no reino que não queria ficar com ele, a única que não via nada demais nele, a única que ele sabia que não merecia estar naquela cela.

                “Sabe, ela é bem bonita para uma ladra, é valente, destemida e é a única do reino que me ignora, bom eu acho que ela é bem especi...”

A porta abriu cortando seus pensamentos era sua noiva, Natália.

- Vamos Otávio está na hora de ver aquele povo chato que nos pede tudo e depois se prepare para execução daquela ladra que você capturou.

- Tânia vai morre!? - disse ele levantando assustado.

- Claro tolinho – disse ela sorrindo e estranhando a reação de seu noivo - é o que ela merece, afinal roubou o futuro rei. Porque algum problema?.

- Não, nenhum.

                Natália saiu rindo com suas servas puxando a calda de seu vestido preto, como se fossem escravas. O príncipe sabia que teria que fazer algo para tirar Tânia dali, ele teria que pensar em algo e rápido.

                Já tinha passado a hora dos pedidos, estava na hora da execução da prisioneira. Otávio estava num nível mais alto que o povo, ao seu lado esquerdo estava o rei e ao lado do rei estava sua noiva. Então o rei começou o discurso:

                - Caros cidadãos de Gharnes, venho aqui hoje lhes mostrar essa rata, ladra e insignificante camponesa, que tentou ferir o rei e furtar as minhas tão preciosas joias, que continha o anel da vossa falecida e bondosa rainha – disse ele levantando o anel em sua mão – então  o que vocês desejam que eu faça com essa repugnante criatura?

Vários gritaram “MATEM-NA!”, outros  ainda “QUEIMEM-NA!!” e ainda se ouvia alguns ao fundo falando “DEIXEM ELA IR, NÃO PRECISAM MATÁ-LA”. Porém uma só voz prevaleceu que foi a de Otávio:

                - Soltem-na! - ele ordenou aos guardas que ficaram imóveis – Não ouviram o que eu disse? Soltem a prisioneira!

                - Mas meu filho? – disse o rei assustado – Por que não a matamos? Ela tentou roubar as joias de sua mãe.

                - Mas meu pai – disse Otavio baixinho apenas para o pai ouvir – ela salvou a minha vida de um gigante, apenas expulse ela do reino.

Talorc estava com raiva daquela camponesa ingrata que quase lhe tirara a única lembrança que tinha da rainha, porem ela salvou a vida de seu filho, então não teve escolha.

                - Não ouviram o que meu filho disse? Soltem-na agora – Assim que os guardas fizeram o que ele pediu continuou – Tânia agradeça a meu misericordioso filho, o seu príncipe, por ter te livrado de perder a cabeça.

                Tânia Valente como sempre gritou:

                - ELE NÃO É MEU PRINCIPE!

                O rei ficou indignado com aquilo, porem o príncipe fez um sinal de “deixa comigo pai” e logo falou:

                - Apenas está tornando as coisas mais difíceis cara Ladra de Joias – disse ele sorrindo – Então eu mudo minha ordem, você será obrigada a me servir por tempo indeterminado!

                - NUNCA IREI TE SERVIR - disse ela tentando escapar, porém estava acorrentada.

                - Sim irá e será um pior castigo para você, do que ser banida de Gharnes.

                - O show acabou – ordenou o rei – voltem para suas casas.

Tânia foi levada ao quarto do príncipe, onde ficaria presa apenas o servindo. Enquanto ele não chegava em seus aposentos ela ficou olhando as fotos dele com a mãe, a pintura que ele tinha da mãe na parede e depois se distraiu sentada na cama, até que ouviu o barulho do príncipe entrando.

- Posso entrar? – disse ele batendo na porta.

- Claro majestade – disse ela se curvando em ironia – fique a vontade, estou a serviço de vossa alteza!

- Calma eu só a mantive viva e comigo por que queria conversa com você – disse ele sentando do lado dela na cama – Porque esse ódio pela realeza?

- Não te interessa - disse ela estressada, cruzando os braços e virando a cara.

- Olha você pode se abrir comigo, sei que você não gosta de mim, mas de todas as garotas do reino, você e a única que não finge gostar de mim por interesse.

- Ok, mas se você tentar dar uma de galã para cima de mim eu pulo dessa janela e me mato!

- Sim senhora chefa – disse ele sorrindo de leve – sou todo ouvidos

- Bom como muitos pensam por ai, nem sempre eu fui uma órfã rejeitada pelo mundo, há alguns anos atrás quando eu ainda tinha oito anos, o rei Talorc mandou o exército do reino destruir a minha vila, porque precisava de espaço para expandir seu reino – disse ela olhando o nada como se estivesse imaginando - O Chefe da vila tentou de tudo para negociar com o seu pai, porém os cavaleiros levaram ele para o centro da vila o amarram em 3 cavalos diferentes e mandaram os cavalos andarem, o corpo do nosso chefe explodiu na frente de todos -  ela começou a lacrimejar mas continuou – Então o chefe da vila... – Tânia não se segurou e derramou lágrimas – era meu pai, depois do tal acontecido os cavaleiros tacaram fogo em todas as casas, minha mãe subiu num cavalo comigo e galopou floresta adentro, os soldados nos perseguiram e nosso cavalo pulou e minha mãe caiu, lembro-me das palavras dela como se fossem hoje...

“Tânia, minha querida corra o mais rápido que puder”

“Mas mamãe eu não quero ir sozinha”

“Vá filha, fuja. Eu te amo filha...!”

- Depois disso o soldado que estava atrás de nós, agarrou minha mãe e arrancou a cabeça dela. Ouvi uma voz que vinha de dentro da armadura, foi uma mulher que matou minha mãe. Disse:

“Deixa ela, coitada vai morrer nessa floresta! MUAHAHAHAHAHA...!”

Otávio a abraçou bem forte, ficou um tempo ali em silêncio, até que ele quebrou o silencio e disse:

- Olha Tânia, imagino como isso tudo deve ser doloroso.

- Não, você não imagina! – disse ela o empurrando – você deve ser igual a todos eles, eu odeio todos vocês! – disse ela ainda chorando.

- Tânia, sei que não é a hora mais adequada, porém eu queria lhe dizer que eu não sou igual a eles, meu corpo nasceu aqui, mas meu coração não, eu apenas queria encontrar meu amor verdadeiro mas parece que todas fingem gostar de mim.

Tânia estava calada de braços cruzados de cara para a janela olhando a paisagem, como se aquilo a fizesse esquecer a dor que sentia. O príncipe a virou, ficou perto dela o bastante para olhar em seus olhos e disse:

- Nenhuma garota é igual você! Sabe Tânia, desde o momento que eu te conheci minha cabeça não para de pensar em ti – ele respirou fundo, levantou o queixo dela para que ela olhasse em seus olhos e disse – Eu até que gosto bastante de você...

E a beijou...
Essa história não é igual ao que você está acostumado, ela começa num reino distante chamado Gharnes, onde vivia um jovem príncipe alto, moreno, valente e inteligente, seus olhos eram tão negros quanto o céu numa noite sem estrelas e sua voz tinha uma leve rouquidão como se estivesse cansado todas as vezes que falasse algo, seu nome era Otávio.

Otávio não gostava de ser daquele mundo em que riqueza era mais importante que qualquer coisa, ele apenas buscava o seu amor verdadeiro.

Seu pai, o Rei Talorc, fez um acordo com o reino vizinho em que seu filho casaria com a filha do Rei Drest para que, juntos, os reinos fossem os mais ricos de todo o país.

Natália, filha do Rei Drest, apoiava totalmente seu pai nas decisões. Ela possuía cabelos e olhos negros, costumava usar roupas com cores escuras e no fundo seu coração era tão maligno que ela seria capaz de desejar a morte do próprio pai para que ela triunfasse e subisse ao trono.

Um belo dia Otávio e seu pai estavam em sua carruagem sendo levados ao reino da Princesa Natália e no caminho houve um imprevisto, fazendo com que parassem.

O príncipe e seu pai ao descer da carruagem se depararam com uma árvore que havia sido cortada e derrubada no caminho.

Ao se distraírem enquanto tentavam encontrar uma solução, uma bela jovem de cabelos de tamanho médio e loiros, altura mediana, roupas que pareciam de uma caçadora especialista, sorrateiramente roubou as joias da carruagem. Porém ao se afastar ela pisou em um galho seco que ao se quebrar fez barulho chamando a atenção de todos, que imediatamente se viraram naquela direção e a viram com o saco de joias na mão. Ao perceber que foi descoberta ela saiu em disparada e o príncipe gritou:

- Ei você! Volte já com essas joias!

A menina sem pensar respondeu:

- Pegue-me se puder realeza – mostrou a língua logo em seguida, ainda correndo

O príncipe subiu no cavalo, já estava cavalgando quando seu pai gritou:

- Filho você vai sozinho atrás dessa ladra?

- Pai, ninguém desafia o príncipe Otávio! Eu mesmo irei pegá-la  e trazer nossas joias de volta -  e partiu atrás do cavalo da jovem rebelde.

A garota estava tão rápida que parecia que a floresta era a casa dela, ela desviava ágil entre as diversas árvores e arbustos e corria como se quisesse chegar a algum lugar muito rápido, mas ao chegar a uma ponte o príncipe foi mais rápido, pulou do cavalo e a derrubou.

- Me larga! – Disse ela se contorcendo, saindo dos braços de Otávio e se levantando.

- Devolva-me as joias e venha comigo, você está presa! – Disse o príncipe com voz autoritária

- Acha mesmo que vou me render a sua majestade? – falou em tom de deboche – se quiser você que me pegue de novo!
.
Então ela saiu correndo pela floresta de novo e o príncipe foi atrás, ele corria atrás dela com tanta determinação que parecia que as joias decidiriam a sua vida.

Sem perceber ele esbarra numa pessoa que tinha mais ou menos sua altura, era a garota ladra, ela fez sinal para que ele ficasse quieto e abaixado, porém ele gritou achando que era um truque:

- ACHA MESMO QUE VOU CAIR NISSO, SUA IMUNDA? – ele gritou em alto e bom som.

Ela novamente fez o sinal para que ele calasse a boca, mas ele insistiu.

- VOCÊ NÃO VAI ME ENGANAR DE NOVO!

Quando ele terminou a frase o chão começou a tremer, o príncipe pode perceber que o que estivesse chegando era enorme.

De repente ao longe ele viu um ser enorme, devia ter mais de 20 metros de altura. Aquela temível criatura era conhecida em todo o reino como ‘Bwork’, um ser místico gigante que se alimentava principalmente de humanos. O Bwork era cego, porém tinha audição e olfato excelentes. Ele correu atrás do Príncipe que tentou inutilmente fugir, mas foi pego num só movimento de mãos.

A garota ladra hesitou ao fugir, mas se sentiu culpada e gritou para o monstro:

- Ei seu monstrengo venha me pegar, você não é de nada, me pegue se puder!

O Bwork instantaneamente soltou Otávio, que caiu numa árvore, e correu atrás da ladra soltando um urro que daria medo no mais valente dos guerreiros, mas ela não, aquela valente garota continuou correndo como se nada tivesse acontecido.

Chegando a um penhasco a garota teve uma ideia.

- Pegue-me se puder! – e saltou.

- NÃO! – Disse o príncipe em voz alta.

Ele viu o gigante cair no penhasco e engoliu em seco, com medo do que tinha acontecido com aquela singela garota que tinha salvado sua vida.

Ao se aproximar, viu uma pequena mão apoiada no penhasco, era ela, viva e sorridente, pendurada em uma raiz contorcida. Ele então ofereceu sua mão e a puxou para cima.

 - Você me salvou – disse ele ofegante – Por que fez isso?

- Sabe, mesmo sendo uma ladra – disse com a voz cansada, limpando a terra da roupa – sei que nem a pior das pessoas merece ser morta como você iria ser.

O príncipe sorriu e disse:

- Olha, ainda assim terei que te prender, são as leis de Gharnes, a não ser que você queira brincar de fugir o dia todo.

- Acho que depois desse gigante - disse ela meio assustada - eu mereço um descanso e eu entendo das leis do nosso país. Pode me levar com você, não tenho mais forças nem para correr.

Ele amarrou os pulsos dela no cavalo e seguiu de volta para o reino, mas durante a viagem ele ficou pensando na cena daquela mulher salvando-o, até que ele pergunta:

- Acho que devo saber o nome da mulher que me salvou -  disse ele oferecendo a ela uma maçã como forma de ser educado.


- Tânia – disse ela pegando a maçã -  Meu nome é Tânia...
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