segunda-feira, 30 de junho de 2014

      O reino de Talorc estava em total colapso. O rei estava preocupado com seu filho que não voltava para casa havia dois dias. Talorc sabia que o príncipe se apaixonara pela ladra de joias. Otávio havia contado ao pai que nenhuma garota do reino era igual aquela e que nada o impediria de ir atrás dela. Tânia era especial, tudo o que o filho de Talorc queria estava naquela garota. Talorc sabia o que deveria de ser feito, precisava se encontrar com a plebeia. Otávio deveria estar com ela. Tânia era a última esperança do rei.

      Ao amanhecer, o rei se levantou, colocou sua armadura, soltou dois lobos cinzentos para que farejassem Tânia, montou em seu corcel e saiu em busca da camponesa. Os lobos eram rápidos, Talorc quase não conseguia os acompanhar, depois de algumas horas cavalgando, os lobos pararam no portão de um pequeno vilarejo, o rei desceu de seu cavalo e serviu água para os lobos.

      O rei não fazia a menor ideia de onde começar a procurar Tânia, ele começou a caminhar pela cidade para ver se encontrava alguma pista de onde começar, quando estava prestes a desistir da camponesa, ele ouve uma voz feminina o chamar:

- Talorc!

Tânia estava em cima do telhado de uma casa com um arco apontado para o rei.

- O que fazes aqui? - ela continuo com arco mirado no rei.

- Eu preciso da sua ajuda - Talorc disse levantando as mãos - Por favor me perdoe mas eu preciso de você!

- E o que te fez crer que eu te ajudaria? - Tânia estava prestes a atirar - você tirou a vida de meu pai e o humilhou na frente de todos!

-  Me desculpe pelo seu pai. eu realmente me sinto arrependido pelo meu passado - O rei começava a ficar com medo - Por favor tu es minha única salvação!

Tânia ignorou e estava prestes a acertar uma flecha bem no peito de Talorc.

- Abaixe este arco por favor! eu só quero saber onde meu filho está e se ele está bem - Talorc estava preocupado.

"Otávio sumiu?" pensou Tânia, ela pensou bastante até que abaixou o arco, estava meio assustada e confusa. A camponesa desceu do telhado, guardou o arco nas costas e disse:

- Venha - ela colocou o capuz do seu casaco na cabeça - Vamos conversar em outro lugar, as pessoas aqui não são dignas de confiança.

      Otávio abriu os olhos, estava frio e escuro, ele não conseguira enxergar absolutamente nada a não ser por uma pequena abertura na parede, "uma janela" ele pensou, era uma pequena janela no alto de uma parede. O príncipe tentou correr para aquela janela para tentar ver onde estava ou até mesmo fugir, só que ao correr foi puxado por uma estranha corda roxa que apareceu do nada, ele caiu no chão e tentou outras três vezes fazer o mesmo, porém todas falharam. Um clarão invadiu a sala escura, Otávio teve que cobrir os olhos com o braço, ele ouve passos de um salto estavam vindo em sua direção, quando recupera a visão, ele reconhece aquela garota e ela sorri.

- Olá príncipe - Natália ainda sorrindo - Aproveitando sua estadia na minha cela? olha que reservei a melhor só para você.

Otávio fingiu que não havia ouvido nada e olhava fixamente para a janela, como se pensasse em um jeito de escapar ou como se a qualquer momento alguém fosse entrar e o tirar daquele lugar.

- Oh meu querido, essa magia de aprisionamento te fará ficar aqui por um tempo bem longo - Ela segurou o queixo do príncipe - Ou você coopera com nosso casamento ou será inútil tentar escapar daqui.

- Eu nunca irei cooperar com você, sua bruxa demoníaca!

Otávio virou a cara e foi logo perguntando.

- O que você quer Natália? -  ele reparou que a princesa usava a coroa do pai -  Onde está o rei Drest?

- O que eu desejo não é do vosso interesse e mesmo se fosse, eu não diria absolutamente nada - Ela ficou séria - Eu fiz um pacto com meu pai sobre não dizer nada sobre o nosso plano, nesse momento ele está la em cima no meu quarto fazendo algumas coisas, para que no final eu prevaleça.

- O que fará comigo, sua megera!?

- Isso... - Ela sorriu -  Você terá que esperar para descobrir por si próprio HAHAHAHAHAHAHA...

      Natália deu as costas para o príncipe e assim que saiu as portas se fecharam, deixando Otávio na escuridão. Ele se voltou para o único lugar aonde podia se ver o céu e desejou ver Tânia. 

Enquanto isso no pequeno vilarejo perto do reino de Talorc.

- Está me dizendo que Otávio foi atrás de mim? - Tânia estava assustada, confusa e preocupada, tudo ao mesmo tempo.

- Sim, antes de deixar o castelo, ele me contou que se apaixonara por você, que estava determinado em te achar, que ninguém impediria ele de fazer isso e queria muito conversa com você sobre algo que não me contou direito.

- Majestade, Otávio não chegou até mim, alias eu também não o vejo tem alguns dias.

- Como não? - Talorc se levantou preocupado -  Mas, ele veio atrás de você, onde está meu filho?

Talorc estava preocupado, quase chorando de nervoso.

- Então você disse que Otávio mencionou que estaria apaixonado por mim, correto? - Tânia disse pensativa.

- Sim - Talorc não entendeu o porque dessa pergunta justo agora.

- Talorc, acho que tenho uma certa ideia do que pode ter ocorrido com Otávio ou de quem o pode ter pego ele - Ela teve uma ideia e estava determinada em descobrir a verdade - Preciso que você fique calmo, porque eu tenho um plano e preciso de sua ajuda.

- Se for para achar meu filho, eu faço qualquer coisa, te ajudarei sim!

- Tudo bem - Ela botou o arco nas costas - Vamos precisamos visitar uma velha "amiga" assim minha.

Talorc percebeu que Tânia falou amiga com tom de ironia mas fez que sim com a cabeça, botou seu elmo e saiu atrás de Tânia. Os dois montaram em seus respectivos cavalos e saíram floresta a dentro, após algumas horas cavalgando, pararam perto de um lago para alimentar e dar água aos cavalos.

- Porque está me ajudando a encontrar Otávio? - Tânia estava agachada lavando o rosto no riacho - Você deveria ter atirado aquela flecha assim que me viu, você nem ao menos me odeia por ter matado o seu pai. Me desculpe mas eu cometi muitos erros no passado - Ela ficava o tempo todo de cabeça baixa - Quem era seu pai?

- Lembra de uma vila no interior da floresta? - Ela continuava contando de cabeça abaixada -  um homem que foi fazer um tratado de paz com vossa majestade, o senhor o amarrou em cavalos e o esquartejou na frente da vila toda.

- Oh minha querida eu sinto muito mesmo - Ele parecia amargamente arrependido - Mas eu realmente não me lembro de ter atacado vila e ter matado alguém desta forma.

- Como não? - Ela ficou em dúvida - Eu lembro do senhor, lembro muito bem da cena...

- E porque eu não me lembro? - O rei também achou aquilo bastante incomum - Vamos focar na nossa missão e eu prometo que assim que acabar isso tudo vamos descobrir o que houve com seu pai.

- Sabe Talorc - Ela se levantou e enxugou o rosto com um pedaço de pano - eu não sou tão ruim igual vocês pensam, eu precisava comer por isso tentei te furtar, me perdoe.

- Tudo bem, eu entendendo - ele abaixou a cabeça - Só de pensar que eu quase te executei, me perdoe também, pois sem você eu não teria nenhuma chance de reencontrar meu filho.

- Sem problemas, você só estava seguindo as leis de Gharnes - Tânia subiu em seu cavalo, sorriu para Talorc e disse - Vamos parar com as melações? temos um príncipe para ser salvo.

      Talorc deu uma leve risada, como poderia ter quase matado aquela garota? ela era boa, doce e especial, exatamente como seu filho dissera. O rei montou em seu cavalo e partiu atrás de Tânia. Alguns minutos depois, a plebeia parou e fez um sinal com a mão para que o rei parasse também.

- Chegamos bem na hora - Tânia dissera - Veja!

      Ela apontou para um local cheio de árvores, assim que o sol se pôs, as árvores daquele lugar começaram a se juntar fechando a visão para o céu e abrindo uma passagem entre elas. Talorc não acreditara no que estava vendo, no final da passagem uma cabana apareceu. Tânia foi na frente e o chamou, ele a seguiu. Ela amarrou os cavalos em numa árvore, desceu e disse:

- Vamos as regras - ela falava contando nos dedos - número um: pegamos o que é necessário e saímos logo, número dois: não demonstre medo ou dê uma risada na frente delas e a mais importante regra de todas.

- O que? -  O rei estava assustado.

- Não demonstre medo ou de gargalhadas perto delas!

- Você já não disse isso? -  o rei pareceu confuso.

- Foi só para focar bem nessa regra - ela sorriu - entendeu tudo?

- Sim - ele estava curioso para saber o que havia na cabana.

      Talorc não sabia o que esperava ele lá dentro, estava com medo. Tânia lhe entregou um anel, botou um igual no dedo dela e disse para ele apontar para elas quando ela pedisse, ele fez que entendeu com a cabeça. Tânia foi na frente, assim que abriu a porta, uma campainha tocou avisando sua entrada.
      O rei nunca tinha visto local parecido como aquele, parecia uma loja de coisas velhas e hippies, tinha uma mistura de estilos, meio mistério e meio hippie antigo, tinha um cheiro bem perfumado, no fundo da loja Tânia tocou um sino e duas mulheres  bem estranhas apareceram, eram muito parecidas, o rei demorou algum tempo para perceber que eram gêmeas idênticas, exceto por uma ser loira, ter um nariz de tucano, literalmente de tucano e usava roupas hippies, a outra era morena tinha quatro olhos, duas presas nos cantos da boca e usava roupas bem antigas dos anos 50 ou 60. Assim que olho para a morena Talorc teve a sensação de que algo estava invadindo sua mente, suas lembranças mais aterrorizantes estavam passando em sua cabeça, ele teve vontade de sair correndo e gritar, porém teve que se segurar.

- Boa noite, Hélase e Hílase - Tânia sorriu sem mostrar os dentes.

- Tânia - Hélase sorriu, Hílase fez cara de nojo - A que devo tal honra? -  Hélase indagou sarcástica.

- Bom eu estava procurando uma poção - Tânia tirou dez moedas de ouro do bolso e a ofereceu.

- Vejo que a poção é valiosa - Hélase mantinha-se sorrindo - E qual seria ela?

- Dessa receita aqui - Tânia retirou o papel do bolso e a entregou - Tem tudo o que precisa?

- Tenho sim, me de alguns minutos e eu a farei - Hélase entrou.

      Tânia se virou e ficou dando uma olhada na loja, ignorando a existência de Hílase, Talorc não conseguia fazer o mesmo, ele ficou com medo de Hílase, o que não era um bom sinal, ele se aproximou de Tânia. Hílase sentiu o cheiro do medo do rei e sorriu mostrando as presas.

- Tânia, o que são essas mulheres!? - O medo era tão grande que o rei não conseguia esconder.

- Bom, a morena com 4 olhos e presas se chama Hílase, ela se alimenta do medo das pessoas e depois as mata, mas não chega nem perto do que a loira nariguda faria com você, solte uma risada perto dela e você irá pedir para ir pro inferno para ser atormentado pelos sete pecados eternamente.

      Talorc começou a sentir mais medo do que antes, saiu da cabana para tentar recuperar o fôlego e se acalmar. Alguns minutos depois Hélase volta com a poção verde em mãos.

- Aqui está sua encomenda! -  Ela entregou o frasco a Tânia. - Se quiser sorrir como forma de agradecimento.

- Não já te paguei o que devo - Tânia apenas olhou séria - Acha que eu não te conheço?

- Você nunca vai cair nessa né? - Hélase riu - Bom, já que fiz tudo por aqui vou indo pros fundos tenho muito trabalho a fazer.

- Muito obrigada pela poção e até nunca mais! - Ela guardou o vidro no bolso do casaco e notou que a irmã de Hélase não estava ali - Onde está Hílase!?

Hélase apenas riu, deu as costas e entrou. Tânia logo sacou e correu para fora da cabana. Assim que chegou lá fora, Talorc estava sentado numa rocha, por um segundo ela relaxou e gritou logo em seguida assim que avistou a bruxa:

- CUIDADO!! - Tânia gritou mas já era tarde.

Hílase conseguira fisgar o rei e estava começando a sugar sua alma, Tânia pegou uma pedra no chão e acertou a cabeça da bruxa parando o transe.

- HÍLASE - ela pegou outra pedra - AFASTE-SE DELE AGORA!

Hílase saltou para cima da cabana, Tânia levantou o rei do chão.

- Está tudo bem com você?

- Sim, só estou meio zonzo.

- Não é hora de ficar vulnerável - Tânia sacou seu arco e se posicionou - prepare-se para a verdadeira forma dela.

- Não é essa não? - Talorc engoliu a seco, ele ainda estava com medo.

Talorc apontou sua espada para a bruxa, Hílase riu, falou umas palavras que parecia um latim muito antigo e começou uma transformação, ela virou uma espécie de aranha gigante que possuía asas de demônio e rabo de escorpião e tinha um cheiro bom, esse cheiro hipnotiza aos poucos quem fica inalando o gás por algum tempo.

- Não se engane pelo cheiro, é apenas para te atrair! - Tânia retirou um pano velho da bolsa e jogou para Talorc - Ponha-o no rosto.

     Hílase começou a disparar teias na direção de Tânia que saia correndo e desviando de todas. Talorc bradou e tacou uma faca no demônio, Hílase se virou contra ele e saltou em cima daquele pobre homem, que rolou para fora do alcance da aranha, com um novo movimento ela soltou uma teia que pegou no pé dele subindo magicamente até o pescoço, Talorc estava em um casulo perfeito pronto para ser devorado, Tânia tinha que fazer algo, então colocou uma flecha no arco e a atirou num dos olhos de Hílase que gemeu de dor. Talorc conseguiu se soltar do casulo e com um movimento de espada acertou o outro olho da aranha, Hílase viu que ia perder a luta, começou a bater as asas e quando estava a alguns metros do chão, Tânia lançou uma flecha com uma corda e puxou o demônio para baixo, então ela gritou
.
- Talorc! O anel, use o anel! - ela parecia desesperada - AGORA!

      Talorc sem discutir apontou o anel para a criatura, Tânia apontou na mesma direção do rei, os dois anéis começaram a brilhar e soltaram um feixe de luz branca que atravessou Hílase, fazendo a voltar a forma humana, porém ela já estava morta. Tânia suspirou em aliviou e se aproximou de Talorc que estava assustado.

- Talorc você está bem? - Tânia disse com a voz cansada.

- Sim, com alguns machucados e arranhões, mas bem.

- Vamos sair daqui, antes que Hélase sinta falta da irmã que no momento não está muito viva - Ela correu para os cavalos e os desamarrou - Se Hílase já quase nos matou, não temos chance contra a irmã.

Os dois montaram nos cavalos e cavalgaram por horas e horas na floresta. Quando o sol estava quase nascendo, Talorc ofereceu um quarto a Tânia que não recusou afinal eles deveriam trabalhar juntos, mas antes de Tânia entrar em seu aposento o rei perguntou:

- Tânia o que tem de tão valioso nesse vidrinho com esse liquido verde?

- É uma poção que apenas Hélase consegue fazer em todo o mundo - Ela mostrou a ele o frasco - Uma poção que nos ajudará a descobrir aonde Otávio está.

- E eu poderia saber o que ela faz?

- Ela da a quem bebeu o poder de saber temporariamente quem está contando uma mentira e quem está falando a verdade.

- E quem nós vamos interrogar? - Talorc ainda estava sem entender.

- Nós? ninguém - Tânia estava determinada - Você irá tomar e entrevistar uma amiga sua.

- Quem você acha que sumiu com o Otávio? - o rei ainda estava confuso.

- Eu não acho - A camponesa estava olhando para o frasco - Eu tenho quase certeza de quem foi.

- E quem foi, dá para me dizer? - O rei parecia irritado por Tânia enrolar tanto para falar.

- Natália...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Otávio levantara Tânia do chão e em seguida servindo um copo de água, ele pôde perceber que ela olhava aquele líquido como se seu corpo estivesse ali mas sua cabeça em um lugar totalmente diferente.

- Ei, você não quer me dizer o que houve enquanto eu estive fora? - o príncipe estava aflito e impaciente.

Tânia levantou, colocou o copo na mesa, se virou, deu um abraço forte em Otávio e com toda a determinação que uma pessoa pode ter, começou a falar em seu ouvido:

- Vossa Alteza, nunca me terá como sua esposa - Ela repetiu exatamente as palavras que Nathália havia mandado, ele olhou assustado e começou a ficar pálido - eu te odeio, nunca que existirá uma única possibilidade do meu coração criar laços com o seu. Você é uma criatura repugnante e eu tenho nojo de você!

Otávio sentou-se na cama e não sabia o que dizer, o seu coração estava partido, a sua mente confusa não sabia o que pensar, a única garota do reino que ele achava que valeria a pena estava lhe dizendo palavras tão horríveis. De repente dois guardas entram e pegam Tânia pelo braço, dizem ao príncipe "Que foram ordens do rei" e a levam embora dali, a última coisa que ela viu, foi Otávio se deitando triste como se aquela notícia fosse a pior de todas. A plebeia foi arremessada em sua cela para dormir, os guardas saíram e apagaram todas as luzes. Tânia se encolheu no canto mais escuro, botou os joelho entre os braços e começou a chorar, não sabia o que fazer, até que pegou no sono.

Naquela noite ela sonhara com a morte da mãe, com a voz daquela mulher de armadura sentada em seu cavalo dizendo que deixassem aquela pequena garotinha viva, pois a floresta a mataria, quando ela ouve uma voz.

- Camponesa. - Ela nunca ouvira aquela voz - Ei, psiu, Camponesa!

Tânia estava com a cara toda amarrotada, meio tonta, mas abriu os olhos.

- Finalmente você acordou!

Tânia não tinha reparado, mas existia um outro prisioneiro em uma cela em frente a dela, ele era pequeno, tinha o cabelo metade loiro e metade moreno, os olhos eram roxos, usava umas roupas antigas, sujas e rasgadas e era jovem, devia ter em torno de 18 anos.

- Quem é você? -  perguntou Tânia se levantando rapidamente - o que quer comigo?

O garoto tirou do bolso um molho de chaves, abriu a cela dele e correu para abrir a dela.

- Porque está me ajudando? -  ela estava meio tonta ainda, afinal era madrugada - Não tenho nada para te pagar, nem uma moeda se quer.

- Digamos que sou muito bonzinho - Ele piscou para ela e sorriu.

Ela tentou sorrir, mas a preocupação com Otávio era maior. O rapaz fez sinal para que ela o seguisse e andasse com calma e devagar, antes de sair Tânia leu um pequeno aviso que tinha naquela área "Dormitório para prisioneiros especiais", ela sabia que não era uma escrava qualquer mas passar a noite numa cela? "Quem eles pensam que são?" pensou ela. Eles passaram por inúmeros corredores, uns com 3 guardas, outros com 5, vários com 2, em um dos corredores o rapaz quase foi visto, por sorte, a camponesa o puxou pela camisa. Chegando no pátio principal do reino o jovem segurou a mão dela e piscou.

- Finja bem ou estamos ferrados.

Eles foram andando de mãos dadas em direção a saída do reino, até que um dos guardas estranhou, Tânia percebendo o olhar do rapaz, agarrou o braço do rapaz ao seu lado e deitou-se em seu ombro. Assim que passaram pelo portão do reino, ouviram a sirene no castelo, porém já era tarde demais os dois já estavam correndo para o meio da floresta, correram por alguns minutos até pararem em um rio para descansar. Depois de algum tempo em silêncio, Tânia quebra o gelo:

- Então, eu acho que deveria saber o seu nome - ela sorriu tentando parecer gentil.

O rapaz sorriu, levou uma das mãos a cabeça e uma nuvem roxa apareceu em seus pés e foi subindo até contornar o seu corpo todo, no lugar do rapaz agora estava uma garota de vestido preto, joias, uma linda coroa de ouro. Na hora que Tânia a vira, a garota sorri.

- Bom acho que já nos conhecemos, minha querida - Natália continua - pronto cumpri minha parte do nosso acordo, você está livre, mas acho que melhor você não ficar parada ai por muito tempo, o exército do rei logo virá atrás de você.

Tânia agarrou uma pedra e com toda sua força, arremessou contra Natália que a parou no ar com magia.

- Querida, mas como você é tolinha - Natália sorriu em deboche da tentativa falha de Tânia - acho melhor você ir embora, os soldados do rei já estão chegando.

- Vai ter volta - Tânia chegou perto de Natália, olhou em seus olhos e disse - Você se prepare bruxa.

Tânia se virou e saiu correndo floresta a dentro.

- E eu estarei ansiosa, te esperando - Natália sorriu - Pode acreditar!

Quando Natália sumiu sua risada permaneceu no ar, alguns instantes depois a cavalaria real chegou ao rio e continuaram sua busca pela prisioneira, Tânia conhecia a floresta mais do qualquer um, afinal tinha morado e crescido ali sozinha, existia um vilarejo próximo dali onde ela sabia que ninguém procuraria por ela lá e era para essa vila que ela iria. Enquanto isso no castelo, Otávio ainda estava deitado triste, passara a manha toda pensando no que aquela camponesa bela, que não saia de sua cabeça, havia dito.

3 dias depois

Otávio estava com seu pai, o rei Drest e Natália decidindo os últimos detalhes do casamento dos futuros reis. O príncipe não parava de pensar em Tânia, não estava nem ai para esse casamento, passara os últimos dias pensando no porque daquelas palavras, Otávio não tinha falado nada de casar com ela, nem ter relacionamento, porque ela dissera aquilo se eles não planejaram nada? isso estava muito mal explicado. Depois da pequena reunião, o príncipe tiraria o dia para encontra Tânia, ele precisava tirar isso tudo a limpo, precisava conversar com ela. Otávio foi direto a última pessoa que havia falado com Tânia, Natália.

Chegando ao reino de Drest, Otávio tratou logo de ir diretamente a princesa. Ela estava na biblioteca sentada lendo alguns livros quando o príncipe abriu as portas e entrou.

- Natália precisamos conversar.

- Precisamos mesmo, o nosso casamento será em dois dias - Natália pulou nos braços dele e sorriu -  Você não está feliz?

- Na verdade -  Ele parecia nervoso - Eu não quero me casar com você, nem nunca quis, diga ao meu pai e ao seu pai que o casamento acabou! Me desculpe.

- Otávio você não pode fazer isso comigo! - Ela estava com raiva - É por causa daquela camponesa inútil e insignificante, não é!?

- O que você sabe sobre a Tânia? - Ele a encarava com uma cara confusa.

- Mais do que você pensa, príncipe - ela agora sorria - Aquela rata nunca mais irá voltar para você! HAHAHAHAHA...

- Então foi voce? - Otávio apontava sua espada para a bruxa - Porque fez isso? para onde você mandou Tânia sua bruxa!?

- Sabe Otávio, como pode ser tão tolo para não perceber que ela estava louca por você?

- Tânia Gostava de mim? - O príncipe sorriu e se virou - Preciso encontra-la!

- Ah, meu querido, que pena... - com um simples movimento das mão ela os trancou na biblioteca e num segundo movimento jogou Otávio para longe, onde bateu o corpo na parede e desmaiou - Mas você não vai a lugar algum...


terça-feira, 24 de junho de 2014

Assim que o príncipe beijou Tânia, ela automaticamente o empurrou e levantou da cama com muita fúria.

- Quem você pensa que é? – gritou a irritada plebeia.

- Mas... Eu achei que você precisava de alguém em quem confiar, alguém que você poderia dividir qualquer coisa.

- Eu não preciso de ninguém! Nem nunca precisei!

- Todo Mundo precisa de alguém - disse Otávio - Porque você é tão cabeça Dura?

-Porque você é todo mimadinho? - Rebatia Tânia.

Enquanto os dois continuavam no quarto real discutindo. No reino de Drest, uma das servas de Natália entra correndo para o quarto da princesa e a chama em desespero:

- Vossa Alteza! Vossa Alteza! Vossa Alteza! Vossa...

Natália fez um sinal com a mão para que ela parasse de falar e logo em seguida a questionou.

- Porque me chamas tanto? - a voz dela era grave e poderosa 

- Mestra você tem de vir a sala dos Orbes – disse a escrava agora ajoelhada aos pés da princesa – Rápido mestra, Rápido!

- Não estou numa hora muito boa agora para problemas inúteis.

- Acredite esse não é inútil! 

A filha de Drest olhou para a serva com uma cara confusa e sem hesitar foi direto para a sala secreta dos orbes, tinha certo tempo que ninguém a chamava por problemas sérios nas bolas magicas de visão. A sala era bem secreta apenas Natália e algumas servas tinham noção que aquele lugar existia, a única entrada para a sala ficava dentro da biblioteca. Natália colocara algumas palavras magicas no livro que ficava na estante mais alta, no lugar mais alto da biblioteca, na ultima palavra da decima terceira pagina. Ao se ler a frase, uma porta se abriria no meio da estante dando acesso a sala.

O lugar era enorme, lotado de orbes da visão cada um deles mostrava um lugar do reino de Talorc. A escrava puxou a bruxa e apontou para um orbe que ficava no fundo da sala, a bola estava envolta de um brilho muito forte como se significasse que algo estaria fora do normal.

- Mestra! – Outra serva que estava olhando a orbe, assustada, disse – A senhora não vai gostar nada do que gravamos na orbe vermelha.

A orbe vermelha era a favorita de Natália, as vezes ela ficava horas e mais horas olhando as imagens que aquele simples objeto a mostrava, esse objeto de visão ficava mais longe e separada das outras, porque ela era a mais importante de todas, levava direto ao quarto do príncipe. A princesa ficou um bom tempo imóvel, ela não queria acreditar na cena que estava vendo e do nada ela solta um grito como se algo a tivesse assustado.

- CONGELA A GRAVAÇÃO AGORA!

Ela olhou para aquela cena do príncipe beijando a ladra e ficou pasma, não sabia o que sentia no momento milhões de pensamentos apareciam e sumiam na cabeça dela, Natália teria que fazer algo em relação aquilo. Depois de algum tempo vendo repetidamente a cena, ela se manteve calma e disse a uma serva:

- Então quer dizer que o príncipe encantando está finalmente se apaixonando por alguém? mas logo por essa camponesa!?  - ela deu um sorriso sarcástico – Isso não pode ficar assim e não vai! Essa plebeia não vai tirar o meu plano de comandar o país, ela deve sumir imediatamente e eu acho que já sei como fazer isso!

Natália ficou um bom tempo conversando com sua escrava e depois saiu da sala como se tivesse tido a ideia perfeita. No aposento real a briga continuava:

- Você é um príncipe muito esnobe, sabia? – Tânia continuava revoltada.

- Calma estressada! Você estava mal, eu pensei que...

- Pensou o que, Me diz? – A garota corta a fala de Otávio no meio – Que era só chegar aqui, me consolar e me beijar? Se pensou, pensou errado! Não sei o que Vossa Alteza Pensa de mim, mas não sou as garotas sem conteúdo e fúteis deste seu reino!

Logo que Tânia terminou de pronunciar a ultima palavra, ouve-se umas batidas na porta e os dois tentam se ajeitar como se nada tivesse ocorrido, Otávio se jogou na cama e a doce plebeia foi atender a porta.

- Olá querida – Pronuncia Natália num belo sorriso – Posso entrar ou estou atrapalhando algo?

- Claro minha alteza, a senhora pode entrar sim! – Tânia sorriu e manteve-se em pé.

- Então o que trás minha futura mulher – Otávio revirou os olhos e conseguiu arrancar um leve sorriso de Tânia que voltou a fechar a cara – Ao meu humilde Quarto?

- Seu pai deseja a sua presença no salão principal para tratar dos interesses do nosso casamento.

O príncipe achou estranho, seu pai sempre fazia questão de chamar o próprio filho para uma conferencia ou reunião, ele achou que algo de ruim poderia ter acontecido para ele ter mandado Natália e não vir pessoalmente, levantou e saiu andando deixando Tânia e Natália sozinhas em seu quarto. Tânia se acostou na parede, cruzou os braços e ficou encarando a janela.

- Ande escrava, sirva-me algo para beber - Natália disse e se sentou sobre a cama.

- Sirva-se você mesmo Alteza – disse Tânia apontando para as xícaras e o bule de chá.

- Quanta ousadia para uma simples camponesa – Natália riu da cara da inimiga – Cuidado! Você não sabe com quem está comprando briga.

- Uma megera de quinta categoria – Tânia se curvou como forma de deboche.

Natália perdeu a paciência, levantou rapidamente da cama e com apenas uma mão usou sua magia das trevas, lançou Tânia para a parede e a manteve sufocada por alguns segundos.

- Agora você irá me ouvir!

A plebeia parecia assustada, não esperava que a princesa do reino vizinho fosse uma bruxa maléfica. A filha de Drest soltou Tânia no chão, que aos poucos foi tentando recuperar o ar.

- Quero fazer um acordo com você, camponesa – Natália estava servindo chá para duas.

A princesa entregou o chá a Tânia, que não queria abrir a boca, ainda estava com um pouco de falta de ar. 
No entanto a bruxa continuou:

- Em troca da sua liberdade você vai a Otávio e diga a ele que você nunca gostaria de ter um cara igual a ele como marido – Natália sorria o tempo todo – Não vai ser tão difícil, afinal você não gosta dele.

Tânia agora olhava para Natália como se dissesse “Não posso fazer isso, por favor,”, a bruxa logo percebeu o olhar da plebeia e continuou:

- Oh! então minha querida você gosta dele, eu vejo nos seus olhos! – A princesa sorriu – então as coisas mudaram por aqui.

- O que você vai fazer sua bruxa!? – Tânia era valente, mas ainda estava assustada com o que havia acontecido – pode me matar se quiser, mas não toque em Otávio!

- Isso só faria ele gostar mais ainda de você e me odiar por ter te matado – Natália agora segurava, com magia, o pescoço da camponesa - o Trato mudou, quando Otávio voltar ao quarto você vai dizer a ele que nunca seria capaz de ama-lo ou de desenvolver nenhum sentimento bom por ele e em troca eu te libertarei das garras do rei.

- E porque eu faria isso? – Disse Tânia com o pouco de ar que ainda restava a ela.

- Porque se não o fizer, minha querida – Sua risada era maléfica e alta – Eu vou matar o seu príncipe e darei um jeito de botar a culpa em você, afinal em quem eles confiariam em mim, uma bela princesa inocente e doce ou em você, uma camponesa pobre, ladra e desonesta? HAHAHAHAHA...

A bruxa soltou Tânia e desapareceu numa nuvem roxa. Tânia não aguentou, queria chorar, mas não podia, pois sabia que Otávio chegaria a qualquer momento. Algum momento depois o príncipe voltou a seu aposento e encontrou Tânia agachada na parede com a cara entre os joelhos.

- Ei, Você está bem? – ele foi para perto dela – Ainda está com raiva de mim?

- Otávio – ela estava calma, fria e triste porem não podia deixar que ele sentisse que ela estava assim – Precisamos conversar...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Chegando ao reino todos olhavam aquela cena do príncipe carregando uma ladra de joias, o rei veio correndo empurrando todos abraçou seu filho e ordenou aos guardas que a bela prisioneira fosse levada ao calabouço. No outro dia o reino de Talorc estava em festa para comemorar a volta daquelas joias tão importantes. Otávio, enquanto se arrumava, ficou se observando no espelho e pensando no que havia acontecido no dia anterior, um gigante, a árvore caída, a bela ladra que não saia de sua cabeça, o jeito como ela o deixava era mágico, ele tinha que achar uma forma de recompensa-la, pois afinal ela salvou a vida dele.

                Na manhã do dia seguinte, o Príncipe foi visitar a prisioneira.

                - Acorde Plebeia – disse ele batendo nas grades da cela – Já está na hora de levantar.

                - O que a vossa majestade quer? - disse ela em tom de deboche levantando aos poucos.

                - Eu apenas gostaria de lhe fazer uma única pergunta, posso?

                - Fique a vontade eu não tenho aonde ir mesmo.

                - Por que você queria as joias do meu pai? Por que nos roubou?

                - Bom, ao contrario da sua vidinha esnobe, cercada de regalias, a minha nunca foi assim, sempre tive que lutar para que o alimento viesse a minha mesa.

                - E é roubando que você os consegue? Não acha que isso tem que ser feito de outra maneira? Eu poderia lhe oferecer alguma tarefa no castelo, como minha escrava ou serva?

                - Você acha que por eu ser uma plebeia eu irei me render aos encantos do tão humilde e belo príncipe – disse ela de forma irônica e estressada – conheço gente da sua corja e acredite, vocês são as piores raças que esse reino poderia ter! Eu prefiro morrer nesta cela ou ter a cabeça arrancada, a ser serva de vocês!

                - Bom, se é assim que você quer que seja! – disse ele com ira – MORRA NESSA CELA!

                Ele deu as costas e voltou a seus aposentos, deitou-se na cama e começou a pensar naquela garota que era a única no reino que não queria ficar com ele, a única que não via nada demais nele, a única que ele sabia que não merecia estar naquela cela.

                “Sabe, ela é bem bonita para uma ladra, é valente, destemida e é a única do reino que me ignora, bom eu acho que ela é bem especi...”

A porta abriu cortando seus pensamentos era sua noiva, Natália.

- Vamos Otávio está na hora de ver aquele povo chato que nos pede tudo e depois se prepare para execução daquela ladra que você capturou.

- Tânia vai morre!? - disse ele levantando assustado.

- Claro tolinho – disse ela sorrindo e estranhando a reação de seu noivo - é o que ela merece, afinal roubou o futuro rei. Porque algum problema?.

- Não, nenhum.

                Natália saiu rindo com suas servas puxando a calda de seu vestido preto, como se fossem escravas. O príncipe sabia que teria que fazer algo para tirar Tânia dali, ele teria que pensar em algo e rápido.

                Já tinha passado a hora dos pedidos, estava na hora da execução da prisioneira. Otávio estava num nível mais alto que o povo, ao seu lado esquerdo estava o rei e ao lado do rei estava sua noiva. Então o rei começou o discurso:

                - Caros cidadãos de Gharnes, venho aqui hoje lhes mostrar essa rata, ladra e insignificante camponesa, que tentou ferir o rei e furtar as minhas tão preciosas joias, que continha o anel da vossa falecida e bondosa rainha – disse ele levantando o anel em sua mão – então  o que vocês desejam que eu faça com essa repugnante criatura?

Vários gritaram “MATEM-NA!”, outros  ainda “QUEIMEM-NA!!” e ainda se ouvia alguns ao fundo falando “DEIXEM ELA IR, NÃO PRECISAM MATÁ-LA”. Porém uma só voz prevaleceu que foi a de Otávio:

                - Soltem-na! - ele ordenou aos guardas que ficaram imóveis – Não ouviram o que eu disse? Soltem a prisioneira!

                - Mas meu filho? – disse o rei assustado – Por que não a matamos? Ela tentou roubar as joias de sua mãe.

                - Mas meu pai – disse Otavio baixinho apenas para o pai ouvir – ela salvou a minha vida de um gigante, apenas expulse ela do reino.

Talorc estava com raiva daquela camponesa ingrata que quase lhe tirara a única lembrança que tinha da rainha, porem ela salvou a vida de seu filho, então não teve escolha.

                - Não ouviram o que meu filho disse? Soltem-na agora – Assim que os guardas fizeram o que ele pediu continuou – Tânia agradeça a meu misericordioso filho, o seu príncipe, por ter te livrado de perder a cabeça.

                Tânia Valente como sempre gritou:

                - ELE NÃO É MEU PRINCIPE!

                O rei ficou indignado com aquilo, porem o príncipe fez um sinal de “deixa comigo pai” e logo falou:

                - Apenas está tornando as coisas mais difíceis cara Ladra de Joias – disse ele sorrindo – Então eu mudo minha ordem, você será obrigada a me servir por tempo indeterminado!

                - NUNCA IREI TE SERVIR - disse ela tentando escapar, porém estava acorrentada.

                - Sim irá e será um pior castigo para você, do que ser banida de Gharnes.

                - O show acabou – ordenou o rei – voltem para suas casas.

Tânia foi levada ao quarto do príncipe, onde ficaria presa apenas o servindo. Enquanto ele não chegava em seus aposentos ela ficou olhando as fotos dele com a mãe, a pintura que ele tinha da mãe na parede e depois se distraiu sentada na cama, até que ouviu o barulho do príncipe entrando.

- Posso entrar? – disse ele batendo na porta.

- Claro majestade – disse ela se curvando em ironia – fique a vontade, estou a serviço de vossa alteza!

- Calma eu só a mantive viva e comigo por que queria conversa com você – disse ele sentando do lado dela na cama – Porque esse ódio pela realeza?

- Não te interessa - disse ela estressada, cruzando os braços e virando a cara.

- Olha você pode se abrir comigo, sei que você não gosta de mim, mas de todas as garotas do reino, você e a única que não finge gostar de mim por interesse.

- Ok, mas se você tentar dar uma de galã para cima de mim eu pulo dessa janela e me mato!

- Sim senhora chefa – disse ele sorrindo de leve – sou todo ouvidos

- Bom como muitos pensam por ai, nem sempre eu fui uma órfã rejeitada pelo mundo, há alguns anos atrás quando eu ainda tinha oito anos, o rei Talorc mandou o exército do reino destruir a minha vila, porque precisava de espaço para expandir seu reino – disse ela olhando o nada como se estivesse imaginando - O Chefe da vila tentou de tudo para negociar com o seu pai, porém os cavaleiros levaram ele para o centro da vila o amarram em 3 cavalos diferentes e mandaram os cavalos andarem, o corpo do nosso chefe explodiu na frente de todos -  ela começou a lacrimejar mas continuou – Então o chefe da vila... – Tânia não se segurou e derramou lágrimas – era meu pai, depois do tal acontecido os cavaleiros tacaram fogo em todas as casas, minha mãe subiu num cavalo comigo e galopou floresta adentro, os soldados nos perseguiram e nosso cavalo pulou e minha mãe caiu, lembro-me das palavras dela como se fossem hoje...

“Tânia, minha querida corra o mais rápido que puder”

“Mas mamãe eu não quero ir sozinha”

“Vá filha, fuja. Eu te amo filha...!”

- Depois disso o soldado que estava atrás de nós, agarrou minha mãe e arrancou a cabeça dela. Ouvi uma voz que vinha de dentro da armadura, foi uma mulher que matou minha mãe. Disse:

“Deixa ela, coitada vai morrer nessa floresta! MUAHAHAHAHAHA...!”

Otávio a abraçou bem forte, ficou um tempo ali em silêncio, até que ele quebrou o silencio e disse:

- Olha Tânia, imagino como isso tudo deve ser doloroso.

- Não, você não imagina! – disse ela o empurrando – você deve ser igual a todos eles, eu odeio todos vocês! – disse ela ainda chorando.

- Tânia, sei que não é a hora mais adequada, porém eu queria lhe dizer que eu não sou igual a eles, meu corpo nasceu aqui, mas meu coração não, eu apenas queria encontrar meu amor verdadeiro mas parece que todas fingem gostar de mim.

Tânia estava calada de braços cruzados de cara para a janela olhando a paisagem, como se aquilo a fizesse esquecer a dor que sentia. O príncipe a virou, ficou perto dela o bastante para olhar em seus olhos e disse:

- Nenhuma garota é igual você! Sabe Tânia, desde o momento que eu te conheci minha cabeça não para de pensar em ti – ele respirou fundo, levantou o queixo dela para que ela olhasse em seus olhos e disse – Eu até que gosto bastante de você...

E a beijou...
Essa história não é igual ao que você está acostumado, ela começa num reino distante chamado Gharnes, onde vivia um jovem príncipe alto, moreno, valente e inteligente, seus olhos eram tão negros quanto o céu numa noite sem estrelas e sua voz tinha uma leve rouquidão como se estivesse cansado todas as vezes que falasse algo, seu nome era Otávio.

Otávio não gostava de ser daquele mundo em que riqueza era mais importante que qualquer coisa, ele apenas buscava o seu amor verdadeiro.

Seu pai, o Rei Talorc, fez um acordo com o reino vizinho em que seu filho casaria com a filha do Rei Drest para que, juntos, os reinos fossem os mais ricos de todo o país.

Natália, filha do Rei Drest, apoiava totalmente seu pai nas decisões. Ela possuía cabelos e olhos negros, costumava usar roupas com cores escuras e no fundo seu coração era tão maligno que ela seria capaz de desejar a morte do próprio pai para que ela triunfasse e subisse ao trono.

Um belo dia Otávio e seu pai estavam em sua carruagem sendo levados ao reino da Princesa Natália e no caminho houve um imprevisto, fazendo com que parassem.

O príncipe e seu pai ao descer da carruagem se depararam com uma árvore que havia sido cortada e derrubada no caminho.

Ao se distraírem enquanto tentavam encontrar uma solução, uma bela jovem de cabelos de tamanho médio e loiros, altura mediana, roupas que pareciam de uma caçadora especialista, sorrateiramente roubou as joias da carruagem. Porém ao se afastar ela pisou em um galho seco que ao se quebrar fez barulho chamando a atenção de todos, que imediatamente se viraram naquela direção e a viram com o saco de joias na mão. Ao perceber que foi descoberta ela saiu em disparada e o príncipe gritou:

- Ei você! Volte já com essas joias!

A menina sem pensar respondeu:

- Pegue-me se puder realeza – mostrou a língua logo em seguida, ainda correndo

O príncipe subiu no cavalo, já estava cavalgando quando seu pai gritou:

- Filho você vai sozinho atrás dessa ladra?

- Pai, ninguém desafia o príncipe Otávio! Eu mesmo irei pegá-la  e trazer nossas joias de volta -  e partiu atrás do cavalo da jovem rebelde.

A garota estava tão rápida que parecia que a floresta era a casa dela, ela desviava ágil entre as diversas árvores e arbustos e corria como se quisesse chegar a algum lugar muito rápido, mas ao chegar a uma ponte o príncipe foi mais rápido, pulou do cavalo e a derrubou.

- Me larga! – Disse ela se contorcendo, saindo dos braços de Otávio e se levantando.

- Devolva-me as joias e venha comigo, você está presa! – Disse o príncipe com voz autoritária

- Acha mesmo que vou me render a sua majestade? – falou em tom de deboche – se quiser você que me pegue de novo!
.
Então ela saiu correndo pela floresta de novo e o príncipe foi atrás, ele corria atrás dela com tanta determinação que parecia que as joias decidiriam a sua vida.

Sem perceber ele esbarra numa pessoa que tinha mais ou menos sua altura, era a garota ladra, ela fez sinal para que ele ficasse quieto e abaixado, porém ele gritou achando que era um truque:

- ACHA MESMO QUE VOU CAIR NISSO, SUA IMUNDA? – ele gritou em alto e bom som.

Ela novamente fez o sinal para que ele calasse a boca, mas ele insistiu.

- VOCÊ NÃO VAI ME ENGANAR DE NOVO!

Quando ele terminou a frase o chão começou a tremer, o príncipe pode perceber que o que estivesse chegando era enorme.

De repente ao longe ele viu um ser enorme, devia ter mais de 20 metros de altura. Aquela temível criatura era conhecida em todo o reino como ‘Bwork’, um ser místico gigante que se alimentava principalmente de humanos. O Bwork era cego, porém tinha audição e olfato excelentes. Ele correu atrás do Príncipe que tentou inutilmente fugir, mas foi pego num só movimento de mãos.

A garota ladra hesitou ao fugir, mas se sentiu culpada e gritou para o monstro:

- Ei seu monstrengo venha me pegar, você não é de nada, me pegue se puder!

O Bwork instantaneamente soltou Otávio, que caiu numa árvore, e correu atrás da ladra soltando um urro que daria medo no mais valente dos guerreiros, mas ela não, aquela valente garota continuou correndo como se nada tivesse acontecido.

Chegando a um penhasco a garota teve uma ideia.

- Pegue-me se puder! – e saltou.

- NÃO! – Disse o príncipe em voz alta.

Ele viu o gigante cair no penhasco e engoliu em seco, com medo do que tinha acontecido com aquela singela garota que tinha salvado sua vida.

Ao se aproximar, viu uma pequena mão apoiada no penhasco, era ela, viva e sorridente, pendurada em uma raiz contorcida. Ele então ofereceu sua mão e a puxou para cima.

 - Você me salvou – disse ele ofegante – Por que fez isso?

- Sabe, mesmo sendo uma ladra – disse com a voz cansada, limpando a terra da roupa – sei que nem a pior das pessoas merece ser morta como você iria ser.

O príncipe sorriu e disse:

- Olha, ainda assim terei que te prender, são as leis de Gharnes, a não ser que você queira brincar de fugir o dia todo.

- Acho que depois desse gigante - disse ela meio assustada - eu mereço um descanso e eu entendo das leis do nosso país. Pode me levar com você, não tenho mais forças nem para correr.

Ele amarrou os pulsos dela no cavalo e seguiu de volta para o reino, mas durante a viagem ele ficou pensando na cena daquela mulher salvando-o, até que ele pergunta:

- Acho que devo saber o nome da mulher que me salvou -  disse ele oferecendo a ela uma maçã como forma de ser educado.


- Tânia – disse ela pegando a maçã -  Meu nome é Tânia...
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