Essa história não é igual ao que você está
acostumado, ela começa num reino distante chamado Gharnes, onde vivia um jovem
príncipe alto, moreno, valente e inteligente, seus olhos eram tão negros quanto
o céu numa noite sem estrelas e sua voz tinha uma leve rouquidão como se
estivesse cansado todas as vezes que falasse algo, seu nome era Otávio.
Otávio não gostava de ser daquele mundo em
que riqueza era mais importante que qualquer coisa, ele apenas buscava o seu
amor verdadeiro.
Seu pai, o Rei Talorc, fez um acordo com o
reino vizinho em que seu filho casaria com a filha do Rei Drest para que,
juntos, os reinos fossem os mais ricos de todo o país.
Natália, filha do Rei Drest, apoiava
totalmente seu pai nas decisões. Ela possuía cabelos e olhos negros, costumava
usar roupas com cores escuras e no fundo seu coração era tão maligno que ela seria
capaz de desejar a morte do próprio pai para que ela triunfasse e subisse ao
trono.
Um belo dia Otávio e seu pai estavam em
sua carruagem sendo levados ao reino da Princesa Natália e no caminho houve um
imprevisto, fazendo com que parassem.
O príncipe e seu pai ao descer da carruagem
se depararam com uma árvore que havia sido cortada e derrubada no caminho.
Ao se distraírem enquanto tentavam
encontrar uma solução, uma bela jovem de cabelos de tamanho médio e loiros, altura
mediana, roupas que pareciam de uma caçadora especialista, sorrateiramente roubou
as joias da carruagem. Porém ao se afastar ela pisou em um galho seco que ao se
quebrar fez barulho chamando a atenção de todos, que imediatamente se viraram naquela
direção e a viram com o saco de joias na mão. Ao perceber que foi descoberta ela
saiu em disparada e o príncipe gritou:
- Ei
você! Volte já com essas joias!
A menina sem pensar respondeu:
- Pegue-me
se puder realeza – mostrou a
língua logo em seguida, ainda correndo
O príncipe subiu no cavalo, já estava
cavalgando quando seu pai gritou:
- Filho você vai sozinho atrás dessa ladra?
- Pai,
ninguém desafia o príncipe Otávio! Eu mesmo irei pegá-la e trazer nossas
joias de volta - e
partiu atrás do cavalo da jovem rebelde.
A garota estava tão rápida que parecia que
a floresta era a casa dela, ela desviava ágil entre as diversas árvores e
arbustos e corria como se quisesse chegar a algum lugar muito rápido, mas ao
chegar a uma ponte o príncipe foi mais rápido, pulou do cavalo e a derrubou.
- Me larga! – Disse ela se contorcendo, saindo dos
braços de Otávio e se levantando.
- Devolva-me
as joias e venha comigo, você está presa! –
Disse o príncipe com voz autoritária
- Acha
mesmo que vou me render a sua majestade? –
falou em tom de deboche – se
quiser você que me pegue de novo!
.
Então ela saiu correndo pela floresta de
novo e o príncipe foi atrás, ele corria atrás dela com tanta determinação que parecia
que as joias decidiriam a sua vida.
Sem perceber ele esbarra numa pessoa que
tinha mais ou menos sua altura, era a garota ladra, ela fez sinal para que ele
ficasse quieto e abaixado, porém ele gritou achando que era um truque:
- ACHA
MESMO QUE VOU CAIR NISSO, SUA IMUNDA? –
ele gritou em alto e bom som.
Ela novamente fez o sinal para que ele
calasse a boca, mas ele insistiu.
- VOCÊ
NÃO VAI ME ENGANAR DE NOVO!
Quando ele terminou a frase o chão começou
a tremer, o príncipe pode perceber que o que estivesse chegando era enorme.
De repente ao longe ele viu um ser enorme,
devia ter mais de 20 metros de altura. Aquela temível criatura era conhecida em
todo o reino como ‘Bwork’, um ser místico gigante que se alimentava
principalmente de humanos. O Bwork era cego, porém tinha audição e olfato
excelentes. Ele correu atrás do Príncipe que tentou inutilmente fugir, mas foi
pego num só movimento de mãos.
A garota ladra hesitou ao fugir, mas se
sentiu culpada e gritou para o monstro:
- Ei
seu monstrengo venha me pegar, você não é de nada, me pegue se puder!
O Bwork instantaneamente soltou Otávio,
que caiu numa árvore, e correu atrás da ladra soltando um urro que daria
medo no mais valente dos guerreiros, mas ela não, aquela valente garota
continuou correndo como se nada tivesse acontecido.
Chegando a um penhasco a garota teve uma
ideia.
- Pegue-me
se puder! – e saltou.
- NÃO! – Disse o príncipe em voz alta.
Ele viu o gigante cair no penhasco e
engoliu em seco, com medo do que tinha acontecido com aquela singela garota que
tinha salvado sua vida.
Ao se aproximar, viu uma pequena mão
apoiada no penhasco, era ela, viva e sorridente, pendurada em uma raiz
contorcida. Ele então ofereceu sua mão e a puxou para cima.
- Você
me salvou – disse ele
ofegante – Por que fez isso?
- Sabe,
mesmo sendo uma ladra – disse
com a voz cansada, limpando a terra da roupa – sei que nem a pior das pessoas
merece ser morta como você iria ser.
O príncipe sorriu e disse:
- Olha,
ainda assim terei que te prender, são as leis de Gharnes, a não ser
que você queira brincar de fugir o dia todo.
- Acho
que depois desse gigante -
disse ela meio assustada - eu
mereço um descanso e eu entendo das leis do nosso país. Pode me levar com você,
não tenho mais forças nem para correr.
Ele amarrou os pulsos dela no cavalo e
seguiu de volta para o reino, mas durante a viagem ele ficou pensando na cena
daquela mulher salvando-o, até que ele pergunta:
- Acho
que devo saber o nome da mulher que me salvou - disse ele oferecendo a ela uma
maçã como forma de ser educado.
- Tânia – disse ela pegando a
maçã - Meu nome é Tânia...


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