Chegando ao reino todos olhavam aquela cena do príncipe carregando
uma ladra de joias, o rei veio correndo empurrando todos abraçou seu filho e
ordenou aos guardas que a bela prisioneira fosse levada ao calabouço. No outro
dia o reino de Talorc estava em festa para comemorar a volta daquelas joias tão
importantes. Otávio, enquanto se arrumava, ficou se observando no espelho e
pensando no que havia acontecido no dia anterior, um gigante, a árvore caída, a
bela ladra que não saia de sua cabeça, o jeito como ela o deixava era mágico, ele
tinha que achar uma forma de recompensa-la, pois afinal ela salvou a vida dele.
Na
manhã do dia seguinte, o Príncipe foi visitar a prisioneira.
-
Acorde Plebeia – disse ele batendo nas grades da cela – Já está na hora de
levantar.
- O que
a vossa majestade quer? - disse ela em tom de deboche levantando aos poucos.
- Eu
apenas gostaria de lhe fazer uma única pergunta, posso?
- Fique
a vontade eu não tenho aonde ir mesmo.
-
Por que você queria as joias do meu pai? Por que nos roubou?
- Bom, ao contrario da sua vidinha esnobe, cercada de regalias, a minha nunca foi assim, sempre tive que lutar para que o alimento viesse a minha mesa.
- E é
roubando que você os consegue? Não acha que isso tem que ser feito de outra
maneira? Eu poderia lhe oferecer alguma tarefa no castelo, como minha escrava ou
serva?
- Você
acha que por eu ser uma plebeia eu irei me render aos encantos do tão humilde e
belo príncipe – disse ela de forma irônica e estressada – conheço gente da sua
corja e acredite, vocês são as piores raças que esse reino poderia ter! Eu
prefiro morrer nesta cela ou ter a cabeça arrancada, a ser serva de vocês!
- Bom, se é assim que você quer que seja! – disse ele com ira – MORRA NESSA CELA!
Ele deu
as costas e voltou a seus aposentos, deitou-se na cama e começou a
pensar naquela garota que era a única no reino que não queria ficar com ele, a única que não via nada demais nele, a única que ele sabia que não merecia
estar naquela cela.
“Sabe, ela
é bem bonita para uma ladra, é valente, destemida e é a única do reino que me
ignora, bom eu acho que ela é bem especi...”
A porta abriu cortando seus
pensamentos era sua noiva, Natália.
- Vamos Otávio está na hora de
ver aquele povo chato que nos pede tudo e depois se prepare para execução
daquela ladra que você capturou.
- Tânia vai morre!? - disse ele
levantando assustado.
- Claro tolinho – disse ela
sorrindo e estranhando a reação de seu noivo - é o que ela merece, afinal roubou o
futuro rei. Porque algum problema?.
- Não, nenhum.
- Não, nenhum.
Natália
saiu rindo com suas servas puxando a calda de seu vestido preto, como se fossem
escravas. O príncipe sabia que teria que fazer algo para tirar Tânia dali, ele
teria que pensar em algo e rápido.
Já tinha
passado a hora dos pedidos, estava na hora da execução da prisioneira. Otávio
estava num nível mais alto que o povo, ao seu lado esquerdo estava o rei e ao lado do rei estava sua noiva. Então o rei começou o discurso:
- Caros
cidadãos de Gharnes, venho aqui hoje lhes mostrar essa rata, ladra e
insignificante camponesa, que tentou ferir o rei e furtar as minhas tão
preciosas joias, que continha o anel da vossa falecida e bondosa rainha –
disse ele levantando o anel em sua mão – então
o que vocês desejam que eu faça com essa repugnante criatura?
Vários gritaram “MATEM-NA!”, outros ainda “QUEIMEM-NA!!” e ainda se ouvia alguns
ao fundo falando “DEIXEM ELA IR, NÃO PRECISAM MATÁ-LA”. Porém uma só voz
prevaleceu que foi a de Otávio:
-
Soltem-na! - ele ordenou aos guardas que ficaram imóveis – Não ouviram o que eu
disse? Soltem a prisioneira!
- Mas
meu filho? – disse o rei assustado – Por que não a matamos? Ela tentou
roubar as joias de sua mãe.
- Mas
meu pai – disse Otavio baixinho apenas para o pai ouvir – ela salvou a minha
vida de um gigante, apenas expulse ela do reino.
Talorc estava com raiva daquela camponesa ingrata que quase lhe
tirara a única lembrança que tinha da rainha, porem ela salvou a vida de seu
filho, então não teve escolha.
- Não ouviram
o que meu filho disse? Soltem-na agora – Assim que os guardas fizeram o que ele
pediu continuou – Tânia agradeça a meu misericordioso filho, o seu príncipe,
por ter te livrado de perder a cabeça.
Tânia
Valente como sempre gritou:
- ELE
NÃO É MEU PRINCIPE!
O rei
ficou indignado com aquilo, porem o príncipe fez um sinal de “deixa comigo pai”
e logo falou:
-
Apenas está tornando as coisas mais difíceis cara Ladra de Joias – disse ele
sorrindo – Então eu mudo minha ordem, você será obrigada a me servir por tempo
indeterminado!
- NUNCA
IREI TE SERVIR - disse ela tentando escapar, porém estava acorrentada.
- Sim irá e será um pior castigo para você, do que ser banida de Gharnes.
- O
show acabou – ordenou o rei – voltem para suas casas.
Tânia foi levada ao quarto do príncipe, onde ficaria presa apenas o servindo. Enquanto ele não chegava em seus
aposentos ela ficou olhando as fotos dele com a mãe, a pintura que ele tinha da
mãe na parede e depois se distraiu sentada na cama, até que ouviu o barulho do príncipe
entrando.
- Posso entrar? – disse ele
batendo na porta.
- Claro majestade – disse ela se
curvando em ironia – fique a vontade, estou a serviço de vossa alteza!
- Calma eu só a mantive viva e
comigo por que queria conversa com você – disse ele sentando do lado dela na
cama – Porque esse ódio pela realeza?
- Não te interessa - disse ela
estressada, cruzando os braços e virando a cara.
- Olha você pode se abrir comigo,
sei que você não gosta de mim, mas de todas as garotas do reino, você e a única
que não finge gostar de mim por interesse.
- Ok, mas se você tentar dar uma
de galã para cima de mim eu pulo dessa janela e me mato!
- Sim senhora chefa – disse ele
sorrindo de leve – sou todo ouvidos
- Bom como muitos pensam por ai,
nem sempre eu fui uma órfã rejeitada pelo mundo, há alguns anos atrás quando eu
ainda tinha oito anos, o rei Talorc mandou o exército do reino destruir a minha
vila, porque precisava de espaço para expandir seu reino – disse ela olhando o
nada como se estivesse imaginando - O Chefe da vila tentou de tudo para
negociar com o seu pai, porém os cavaleiros levaram ele para o centro da vila o
amarram em 3 cavalos diferentes e mandaram os cavalos andarem, o corpo do nosso
chefe explodiu na frente de todos - ela
começou a lacrimejar mas continuou – Então o chefe da vila... – Tânia não se
segurou e derramou lágrimas – era meu pai, depois do tal acontecido os
cavaleiros tacaram fogo em todas as casas, minha mãe subiu num cavalo comigo e
galopou floresta adentro, os soldados nos perseguiram e nosso cavalo pulou e
minha mãe caiu, lembro-me das palavras dela como se fossem hoje...
“Tânia, minha querida corra o
mais rápido que puder”
“Mas mamãe eu não quero ir
sozinha”
“Vá filha, fuja. Eu te amo
filha...!”
- Depois disso o soldado que estava atrás de nós, agarrou minha mãe e arrancou
a cabeça dela. Ouvi uma voz que vinha de dentro da armadura, foi uma mulher que matou minha mãe. Disse:
“Deixa ela, coitada vai morrer
nessa floresta! MUAHAHAHAHAHA...!”
Otávio a abraçou bem forte, ficou
um tempo ali em silêncio, até que ele quebrou o silencio e disse:
- Olha Tânia, imagino como isso
tudo deve ser doloroso.
- Não, você não imagina! –
disse ela o empurrando – você deve ser igual a todos eles, eu odeio todos vocês!
– disse ela ainda chorando.
- Tânia, sei que não é a hora mais
adequada, porém eu queria lhe dizer que eu não sou igual a eles, meu corpo
nasceu aqui, mas meu coração não, eu apenas queria encontrar meu amor
verdadeiro mas parece que todas fingem gostar de mim.
Tânia estava calada de braços
cruzados de cara para a janela olhando a paisagem, como se aquilo a fizesse
esquecer a dor que sentia. O príncipe a virou, ficou perto dela o bastante para
olhar em seus olhos e disse:
- Nenhuma garota é igual você! Sabe Tânia, desde o momento que eu te conheci minha cabeça não para de pensar
em ti – ele respirou fundo, levantou o queixo dela para que ela olhasse em seus olhos e disse – Eu até que gosto bastante de você...
E a beijou...


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